Quando morri, um anjo absorto
Desses que vigiam a igreja gótica
grita: vai Túlio, ser ghost na vida.
Os esquifes abrigam os homens
que jazem à espreita do choro das mulheres.
Não há cores na eternidade além
E há desejos tantos como se não houvesse.
O omnibus passa com lágrimas cheias:
opacas, cristalinas, lágrimas viscosas.
Por que precisamos chorar, pergunta meu deus em seu coração.
Porém de minhas pernas
Ele não pergunta nada.
O coveiro acima da cova
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem muitos, infindos cadáveres
o coveiro acima da cova e sua pá.
Meu deus, passa de mim esse cálice,
do vinho que é sangue jorrado de ti,
do pão que é corpo em memória de mim.
Tudo tudo mais que tudo
Se eu me chamasse Getúlio
Seria um simulacro em minha certidão
Tudo tudo mais que tudo,
Bem maior é a minha prisão.
Eu nem devia rimar
mas esse poema
E essa viagem
botam as gentes como vidas com o diabo.
Viver dói! Lugares que hospedam e trafegam o Finado Túlio: de viagens e despedidas. Poemas, prosemas, contos e coisas que pretendem artes.
segunda-feira, 11 de junho de 2012
sábado, 2 de junho de 2012
domingo, 6 de maio de 2012
Ela dos espelhos
Tinha um espelho diante dos pés quando, Ela, sem pensar em tudo, percebeu-se no
lugar que não lhe fora apropriado. Não era um espelho inteiro – pedaços de
sonhos, apenas, de um instante repulsivo que a fizera esmurrar seu clone
naquele anteparo envidraçado.
Desse
prisma para a vida, via que o profundo era o mais alto e o fragmento comporta o
todo: era um lance divino de dados aqueles outros estilhaços de mulher
salpicando o tapete da sala de jantar, enquanto tudo aguardava um certo senhor
Custódio, digníssimo pedinte de mão...
Um
passo adiante e outro gigante sereno se estendia no poço cujas bocas
geométricas lembravam ladrilhos. Um olho enviesado aqui, o nariz e sua pinta
debaixo, o batom borrado, duas orelhas – três?– se se juntarem, centenas, seus
milhares de dedos tão cheios de dedos, e onde foi parar o seu sexo? Um
amontoado de pêlos – já não mais triangular – apontavam o caminho da vulva e
dos lábios que de grandes só em mosaicos. Uma vagina equidistante que
acavanhancava o corpo da tóten extasiada de álcool e sangue – e medo.
Na
quebradura de seus corpos, a natureza e a essência recebiam coerência
fisiológica. A cada sentimento espicaçado unia-se um órgão interno ou uma
tiragem de derme. Seu pigmento, às vezes, lhe corava mais quando os pés
descalços erravam diante do chão de estrelas pontiagudas. Os rasgos de noiva
não percebiam o mundo por multiplicação como era de se esperar. Seus ouvidos
multilabirínticos não ouviam, por exemplo, as insistentes batidas na porta com
a chave de um automóvel récem-fiananciado em 48 vezes com juros e juras de um
matrimônio feliz. Seria de se contar que ouvisse seu próprio nome numa dízima
progressiva na proporção das letras que o compunham, em randônicas combinações
– “e quase que eu disse agora o nome dessa mulher”.
Mas, não. No desavesso dos
sentidos, elas já totalizavam um universo reduzido ao infinito de seus cacos,
portanto, seria inconcebível que galáxias de pessoas em milhões de salas de
jantar evidenciassem o que uma apenas, e desprezível, das dimensões tornasse
aquele casamento em um problema ou num plano a executar.
E, de
futuro, seus milhões de óvulos engavetados por trás de um plural clitóris
adormecido em seus respectivos múltiplos desejos de senhora jamais teriam a
oportunidade de se fecundarem diante das improbabilidades de um, e somente um,
daqueles cacos ter refletido a figura de um noivo agitado e desgrenhadamente dividido
do outro lado da porta.
domingo, 25 de março de 2012
teocídio infantil pra depois pedir perdão
O sonho é coisa de deuses
A vida desfaz-se em presságios.
Quem haveria de criar mundos pra suprir solidões?
Um a um, os heróis praguejam suas musas
Mas todos temos pesadelos de entreter os centauros
Ouve, na manhã, os teatros, só para loucos
Aí te farão profecias de voltar a ter asas
voarás, menino deus, voarás
Vai encontrar teus desejos afora vontades de amor
e teu gozo, fertilizará os homens
seduzirá as estações
De teu fruto sugarão o semen do prazer
E ninguém mais desprezará tua nudez
Mas exibirão teu sexo de procissão em procissão
Quem tirará a virgindade de um coração criador?
Quem ousará profanar teu óvulo de luz?
Só há tempestade quando clamo seu nome
Crescerão flores de cada estupro
Pênis, clitóris, seios e nádegas agranel
Estará instituído o amor, sem fronteiras
Nos mundos que se criarem de tua volúpia.
A vida desfaz-se em presságios.
Quem haveria de criar mundos pra suprir solidões?
Um a um, os heróis praguejam suas musas
Mas todos temos pesadelos de entreter os centauros
Ouve, na manhã, os teatros, só para loucos
Aí te farão profecias de voltar a ter asas
voarás, menino deus, voarás
Vai encontrar teus desejos afora vontades de amor
e teu gozo, fertilizará os homens
seduzirá as estações
De teu fruto sugarão o semen do prazer
E ninguém mais desprezará tua nudez
Mas exibirão teu sexo de procissão em procissão
Quem tirará a virgindade de um coração criador?
Quem ousará profanar teu óvulo de luz?
Só há tempestade quando clamo seu nome
Crescerão flores de cada estupro
Pênis, clitóris, seios e nádegas agranel
Estará instituído o amor, sem fronteiras
Nos mundos que se criarem de tua volúpia.
quinta-feira, 22 de março de 2012
A um certo pescador de nuvens
Se meu compadre Finado Túlio soubesse
Encontraria Joaquim numa prece
E jamais rimaria incólume
Pois se a rima é o morrer do verso
Pulsa na poesia seu uni-inverso
E trai a verve a pô-la em limo
O jogo é das nuvens simbo-listras
No algodão que adocica lisístrara
Nas rabiolas enlaces a Polifemo
Que musa des-presaria a invocação
De um solvejo e confesso rimar em -ão
Se são soltas a-s-sistêmicos testemunhos
Carma cômico de curso carmesin à
claves claras conglomera cançãozinha
Se ao sol nonsense estima soltos punhos
Semínimas dissonantes foram assim
Quem joga ao joio semente de Joaquim.
Encontraria Joaquim numa prece
E jamais rimaria incólume
Pois se a rima é o morrer do verso
Pulsa na poesia seu uni-inverso
E trai a verve a pô-la em limo
O jogo é das nuvens simbo-listras
No algodão que adocica lisístrara
Nas rabiolas enlaces a Polifemo
Que musa des-presaria a invocação
De um solvejo e confesso rimar em -ão
Se são soltas a-s-sistêmicos testemunhos
Carma cômico de curso carmesin à
claves claras conglomera cançãozinha
Se ao sol nonsense estima soltos punhos
Semínimas dissonantes foram assim
Quem joga ao joio semente de Joaquim.
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
Sentijanelar a fora a vida de mim em meu irmão
"morte, vela, sentinela sou deste meu irmão" (na voz de milton e Nana)
Tua morte minha, meu irmão
Como o sol é revolução
Memória é que não morrerá
Tão certo como viver dói
Longe, tão longe, meu irmão
Ainda assim, na morte
Como o quis ela
Como o quiseras,
Te sou por sentinela
Ainda assim, meu irmão!
Irmão das almas,
em jejum de fagias
de voz e palavras devoradas,
Irmão das almas!
Tua morte minha, meu irmão
Como o sol é revolução
Memória é que não morrerá
Tão certo como viver dói
Longe, tão longe, meu irmão
Ainda assim, na morte
Como o quis ela
Como o quiseras,
Te sou por sentinela
Ainda assim, meu irmão!
Irmão das almas,
em jejum de fagias
de voz e palavras devoradas,
Irmão das almas!
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