sábado, 12 de agosto de 2017

QUANDO SOOU O SINO, FOI COMO UM SINAL

            Deu a louca no hospício e a cidade sitiou-se para seus pares conviverem-se. As praças se encheram dos passos passageiros, a liberdade voava. Nas igrejas, todos foram justos e nos cemitérios, santos. Nas escolas, havia dúvidas, perguntas respondidas com mais perguntas, livros reescritos depois lidos e deslidos, repercutiu-se aprender, só se ensinava nos recreios e feriados.
        Prefeitos, vereadores, síndicos e diretores eram nomes, mas os convivas se serviam, alimentando-se do que se plantou, se plantavam, dando a terra semente sã, dos seus corpos, quando carecia. Ninguém se desculpava por ser igual, nem se punia os diferentes; a diferença engendrou a igualdade, por isso as medidas desluziram.
             O meu amor não era mais meu nem mal; era amor, aliás, nem era, mas agora é. Com os braços abertos chegava e o peito cheio, partia. Tantas idas e vindas, que a saudade era só saudade. O beijo era gratuito e trocava substâncias, como também as mãos se massageavam no cumprimento, desarmavam-se no aperto. Por isso, passou a haver braços nos abraços, na estranha metamorfose de corpos juntos, sendo um, porém, quando se separavam depois, estavam maiores.

               Ao dormir, ninguém mais sonhava.