terça-feira, 20 de dezembro de 2016

COMO SE FOSSE DE FIM DE MUNDO


Nem adiantou prevenir-se tanto,
não é mesmo?
A estabilidade definiu-se no terremoto
O que se pensava tão raro
Rarefez-se

Os planos foram um a um se avolumando
Pontuais, não eram retas
ziguezagueando sem objetivas

A palavra precisa pedra padronizada
por ela própria, agora é somente ela
palavra
pura em pó e soprada
Evento
E eu rio

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

DO IMPERATIVO ÁS CONJUNÇÕES



Não se precipite
Deixe ele preço insípido por si
De per si instância se apreciar
Se a prece
No entanto

Se lance na atitude
Sorva a seiva sem vaidade e vai
Se ver na vida só verdade e você
Sê mente
A de mais

Adicione todo o antigo
Antagonize até a ânsia – ator doa a dor
Anciã de tão dada ao gozo a negacear
Se garante
A final

Ame-se assim na amarra
Só se morre uma vez nessa vida
Some o verso e o sussurro se derrama
Semi estéril
Toda via

sábado, 12 de novembro de 2016

COM QUE FIM SE VAI?



O pior par para passar a primavera na praia
Ainda haverá in(con)sistências no acaso?
Me responda, você.

E se for dessa vida única
de onde se deve absorver
energia que se segue até seu fim?

Acro-bacias que acompanham o que acredita
Desde que apagaram a primeira luz, se ascende?
Me responda, você.

E se por essa via úmida
se ande e se eleve ao sol se ver
Todavia que se cegue até seu fim?

Reta ida troncha de adeus!
Ademais a-teus!

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

METRÔNOMO E BÚSSOLA

No chão a base
fixa
a terra gira por sob
a água
canta
o metal oscila na
gravidade
dança

Achar-se deve ser
isso


terça-feira, 20 de setembro de 2016

ELES DISSERAM: O ELOGIO DAS ARMAS INIMIGAS


- Mas, e agora, triunfamos? Ou ainda não?
Já lhes tiramos tudo o que têm, depois de vencê-los pela força; 
depois silenciamos seu grito, de dor ou de protestos e o escárnio
E mais ainda, suprimimos seu direito à memória da perda
Se a vitória ainda não for o dispositivo de reprimir ataques.
E mais, que qualquer ataque se assimile travestido de elogio
E que retroalimente o autômato que criamos para subjugá-los.

Mesmo que agora anseiam pelo "direito" à opressão;
Que perfilam e amontoam-se na disputa pelo bastão que abate;
E se medem, e se oprimem, na hierarquia que multiplica a dor em cor;
Só há mais uma misericórdia de golpe que consolida:
Vem, comecemos o triunfal recrutamento;
Façamos com que lutem por sua própria ignorância!
E que seja com a soberba, com o deboche e o sarcasmo.

quarta-feira, 20 de julho de 2016

PER MITO

E logo eu
na tenra idade de já haver desmamado
Na avidez da sede do que nativivo
engendrei-me
à pequenez do fetiche de sugar
a via láctea
Apeguei-me à mama.

sexta-feira, 17 de junho de 2016

(sob a influência de Jamesson Buarque)

A poesia
em

de
si

domingo, 12 de junho de 2016

E a questão é
que mesmo que eu diga
me deixe
não deixo-me deixar
de dizer
o querer mesmo
de me questionar

sexta-feira, 3 de junho de 2016

À bordo todo dia em bobagens
Sob o prisma da ilusão de ótica
Sobre o abismo da ótica de ilusão
Salto-alto aos pés dos precipícios

Dos olhos vem dados
Miram flechas o escuro alvo
Diz parando ao léo a lei
obstruo óbvio objetivo

Na língua somos, todos líquidos
Nenhum beijo é mais que abraço
Nenhum braço é mais que a boca
brasa desemboca sobejante na saliva

só vejo vivo o sal se for no sol à pino
a carne seca a tez sem ter a sensatez
e você no meu olho no teu olho no meu
olho você no meu olho no teu olho e você

sábado, 16 de abril de 2016

ABERTO ÀS ÂNSIAS, POEMA MARTELADO

(na distinta parceria com Apolo Junior)

pena que não rio

Olha que eu me dou
melancolia-menino
digo, de não rir com suas graças

melancolias, rios pálidos, estrelas apagadas...
não é isso. Enfim o que você está dizendo?
rios pálidos
porém percorrem
plácidos e volúveis...
ainda que pelo esvoaçar da saia
saindo em anéis em que correm lascívias
amar é feito correntes maleáveis
inibem a lágrima
mas se iniciam por ela

inunda minha vida
tua palavra
tua rima
grato

poeta, és sedutor agora
onde estavas
quando a aula sufocou a hora?
quando teus devaneios se fizessem arte
e se foram outrora
impermeáveis

Na perspicácia do sorriso talvez
Como querer toda malícia do simulacro
imaginando cavalgar dragões
perscrutar o inefável em teus braços
querer o hálito de lábios próximos e...
tentar ser feliz

Roubado
como carícias intensas
profundo tato
 imantado
 vai percorrer insanidades de um Dragão
jorrando fogo no teu corpo.

domingo, 7 de fevereiro de 2016

LIQUIDAÇÃO


Feito açúcar
a língua te consome
e só Alice faz
gozo no gosto


Depois, percorrido
em vias e vincos e túneis
se sabe assimilado

animando a dinâmica
o corpo inteiro
se parte adocicado
e beija bem

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Ser humano
é prática
mente
em teoria
de tudo
obrigado
de nada