sábado, 10 de julho de 2010

Poema infanticida VII - Cicloprofanação

Quem me incomoda a esta hora?
Revolve-me a terra por cima
Ouço o bater de uma pá

As dores do movimento do céu
Começam a se rarefazer
Sou transportado de volta ao túmulo
Sinto o cheiro de rosas ressequidas
E um entorpededor formol

Que perdição!
O desassossego é do homem
E não há saída
Morrer ou viver
Aprendi a não querer nenhum
Me desenterrarão...

Acharam minha urna
Retiraram-me pela cabeça
Cortam a ferida em meu abdômen
Lavam o caixão que me envolve
Estão com os narizes cobertos
Mas riem...

Um infeliz me espalma as nádegas
Choro! (e que horror!) vivo!
Não pela dor, mas vai começar
De novo
...
Lá está ela, sorri e chora...
Sou obrigado a sugar seu peito
Me apaixono já!
O resto todos já sabem
Isto é morrer de novo
...
Aprender a não dizer.

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